quinta-feira, 12 de julho de 2018

MÚSICA: OS 50 ANOS DE "TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENSIS"
























HÁ 50 ANOS A MÚSICA BRASILEIRA CONHECEU A EXPLOSÃO DO MOVIMENTO TROPICALISTA: EM JULHO DE 1968 ELA LANÇADO O DISCO 'TROPICÁLIA OU PANIS ET CIRCENSIS', QUE MARCARIA NÃO APENAS AQUELA TALENTOSA GERAÇÃO MAS TODAS AS OUTRAS QUE LHE SUCEDERAM.

SURGIU A PARTIR DA INQUIETAÇÃO DE UM GRUPO DE JOVENS QUE QUERIA INCORPORAR ELEMENTOS DA CULTURA MUNDIAL, COMO O ROCK, A PSICODELIA E A GUITARRA ELÉTRICA NA MPB - MAS QUE TAMBÉM BUSCAVA FALAR SOBRE UM PAÍS PERIFÉRICO E ESQUECIDO, COM O DESAFIO DE DEBULHAR AQUELE CONTEXTO SOCIAL E POLÍTICO CARENTE DE UMA ESTÉTICA PRÓPRIA.

MULTIDISCIPLAR, O MOVIMENTO DIALOGAVA COM A POESIA, O CINEMA, O TEATRO E AS ARTES: O DISCO ERA UM OBJETO CATALIZADOR QUE SE UNIA A MARCOS COMO A EXPOSIÇÃO "TROPICÁLIA, MANIFESTAÇÃO AMBIENTAL", DE HÉLIO OITICICA; AO FILME "GUERRA EM TRANSE", DE GLAUBER ROCHA; A PEÇA "O REI DA VELA", DE OSWALD DE ANDRADE.

EM 1965, O ESPETÁCULO "ARENA CANTA BAHIA", COM TOM ZÉ, BETHÂNIA, GAL, CAETANO E GIL DIRIGIDOS POR AUGUSTO BOAL (1931/2009), DERA O PONTAPÉ INICIAL. EM 1967, AS PARTICIPAÇÕES DE CAETANO E GIL NO III FESTIVAL DA RECORD, ONDE RASGARAM "ALEGRIA, ALEGRIA" E "DOMINGO NO PARQUE" NA CARA DA AUDIÊNCIA, ANTECIPARAM O QUE VIRIA A SEGUIR.

O HISTÓRICO E EMBLEMÁTICO DISCO COMEÇA COM "MISERERE NÓBIS", DE GIL E CAPINAM, COM ARRANJOS SACROS E VIOLÕES CAIPIRAS A CUTUCAR A SITUAÇÃO POLÍTICA VIVIDA NAQUELE MOMENTO.

CAETANO CANTA UMA VERSÃO "CORAÇÃO MATERNO", DE VICENTE CELESTINO REVISADA POR ROGÉRIO DUPRAT. OS MUTANTES DEFENDEM A ICÔNICA FAIXA-TÍTULO DE CAETANO - O VIDEO, ALIÁS MOSTRA O TRIO NUMA APRESENTAÇÃO EM PARIS EM 1969!

NO BOLERO RASGADO "LINDONÉIA", A DOCE VOZ DE NARA LEÃO (1942/1989) ESTABELECE UMA CRÔNICA SUBURBANA. "PARQUE INDUSTRIAL" EVOCA O UNIVERSO ÁCIDO DE TOM ZÉ. "GELÉIA GERAL", DE GIL E TORQUATO NETO FECHA O LADO A.

O LADO B ABRE COM GAL ENTOANDO "BABY", DE CAETANO, SEGUIDA POR "TRÊS CARAVELAS" E "ENQUANTO SEU LOBO NÃO VEM". "MAMÃE CORAGEM" (CAETANO E TORQUATO NETO), NA VOZ DE GAL, CANTA O FIM DA INOCÊNCIA DOS JOVENS.

JÁ "BATMACUMBA" ESTABELECE A MUSICALIDADE CONCRETO-ANTROPOFÁGICA: PURO POESIA ENTRE O ASFALTO E O TERREIRO. "HINO AO SENHOR DO BONFIM" , DE PETION DE VILAR E JOÃO ANTÔNIO WANDERLEY, CAUSOU FUROR EM ALAS RELIGIOSAS. O DISCO FINALIZA COM GRITOS FANTASMAGÓRICOS: O MEDO INFECCIONA TAMBÉM A PRODUÇÃO CULTURAL.

PARA QUEM AINDA NÃO DESFRUTOU DESSE BANQUETE SONORO, VALE OUVIR NO YOU TUBE. PARA NÓS, VALE RESSALVAR QUE OS COMANDANTES DESSA REVOLUÇÃO MUSICAL, AGORA SETENTÕES, SEGUEM, FIRMES E FORTES, A PRODUZIR MÚSICA DE QUALIDADE EM UM CONTEXTO DE POBREZA MUSICAL SEM IGUAL. QUE DEUS OS ABENÇÕE!!



Nenhum comentário:

Postar um comentário