quinta-feira, 10 de março de 2011

LIVRO: 'JOÃO DO RIO: VIDA, PAIXÃO E OBRA'



A PAULO BARRETO, A VIDA DESTINOU APENAS 39 ANOS. A CURTA TRAJETÓRIA FOI, CONTUDO, SUFICIENTE PARA QUE ELE PUDESSE DEITAR SOBRE À EXISTÊNCIA UM OLHAR APROFUNDADO, SE TORNANDO O JORNALISTA QUE MELHOR SOUBE CAPTAR A ALMA DAS RUAS. EM 2011, REMEMORAMOS 130 ANOS DE NASCIMENTO E 90 ANOS DE SUA MORTE. A BIOGRAFIA DO TAMBÉM JORNALISTA JOÃO CARLOS RODRIGUES, LANÇADA PELA CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA (308 PÁGINAS/R$ 47,90) COINCIDE COM AS EFEMÉRIDES RELATIVAS AO CRONISTA CARIOCA.

PAULO BARRETO COMEÇOU ESCREVENDO EM 'A TRIBUNA' MAS NÃO DEMOROU PARA QUE SALTASSE DE JORNAL EM JORNAL. FOI NO 'GAZETA' QUE, EM NOVEMBRO DE 1904, NASCEU O PSEUDÔMINO QUE ENGOLIRIA SEU NOME DE BATISMO: JOÃO DO RIO. A INSPIRAÇÃO? O CRONISTA DO 'LE FIGARO' JEAN DE PARIS. EM 1920, ELE FUNDA O JORNAL 'A PÁTRIA' EM UM MOMENTO DA VIDA EM QUE O REVÉS LHE BATIA À PORTA E A ELITE, QUE ANTES FAZIA QUESTÃO DE APARECER EM SUA COLUNA, JÁ DESEJAVA ARDENTEMENTE O CONTRÁRIO. O PERIÓDICO FORA FUNDADO SOBRETUDO PARA DEFENDER OS DIREITOS DOS PESCADORES PORTUGUESES QUE ABASTECIAM O RIO DE JANEIRO. A INSISTÊNCIA EM DEFENDER A COLÔNIA PORTUGUESA, ALÉM DE SUA JÁ SUSPEITADA HOMOSSEXUALIDADE, ATRAÍAM MUITOS INIMIGOS AO ESCRITOR, CAPAZES INCLUSIVE DE OFENSAS FÍSICAS À SUA PESSOA.

UM ANO DEPOIS DE TER FUNDADO SEU PRÓPRIO JORNAL, JOÃO VIVIA INTERNAMENTE A MELANCOLIA DE JÁ NÃO SER MAIS O MESMO. NAQUELE 23 DE JUNHO, ESTAVA MAIS CANSADO QUE O COSTUMEIRO. NA CAMINHADA MATINAL, PERDERA O FÔLEGO; NA HORA DO ALMOÇO, A FOME; NO TRABALHO, A DISPOSIÇÃO; E NO REGRESSO PARA A CASA, PERDERA A VIDA. ELE VOLTAVA DE TÁXI PARA A CASA DA MÃE QUANDO FOI ACOMETIDO POR UMA FORTE DOR NO PEITO.

"O GORDO PASSAGEIRO ESTAVA MORTO NO BANCO DE TRÁS, COM A EXPRESSÃO CONTORCIDA DOS QUE ENFRENTAM A MORTE DE FRENTE. SÓ ENTÃO, PELA REAÇÃO DAS PESSOAS, O ITALIANO VEIO A SABER DE QUEM SE TRATAVA:
- É O PAULO BARRETO -GRITOU UMA CRIOULA.
- JOÃO DO RIO MORREU!"
CEM MIL PESSOAS ACOMPANHARAM O ENTERRO: DE CARTOMANTES A ESCRITORES, DE SAMBISTAS A ACADÊMICOS, DE HOMOSSEXUAIS A HOMOFÓBICOS, ESTAVAM TODOS LÁ.
(FONTE: DIÁRIO DO NORDESTE, 23/01/2011)

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